domingo, 17 de agosto de 2008

Livro que ataca Obama vira best-seller nos EUA




RIO - Um livro que começou a causar polêmica há duas semanaschegará neste fim de semana à lista de mais vendidos do jornal "New York Times" e promete dar muita dor de cabeça para o candidato democrata à Presidência dos Estados Unidos, Barack Obama. Segundo reportagem do espanhol "El País", no best-seller "The Obama Nation", Jerome Corsi retrata o democrata como um radical de esquerda com ligações ao islamismo.

Esta não é a primeira vez que o autor escreve um livro para acabar com um candidato à Presidência. O "El País" lembra que, em 2004, Corsi fez o mesmo com o democrata John Kerry no livro "Unfit for Command" (Não apto para governar), outro best-seller. O escritor não esconde que seu objetivo é impedir que Obama chegue à Casa Branca.

Ele apresenta "The Obama Nation" como uma pesquisa "minuciosa e documentada" sobre a carreira do candidato e suas influências. O livro resgata a polêmica sobre sua opção religiosa, insinuando que está muito próximo do islamismo, embora diga que é cristão. Outra arma do autor é taxar o candidato de ultra-esquerdista: um socialista obcecado com a redistribuição da riqueza, com idéias perigosas e radicais sobre a questão racial. Em resumo, seria um verdadeiro perigo para o país.

O "El País" afirma, entretanto, que o livro cita vários fatos falsos. Corsi acusa Obama de falsificar seu passado, de não ter reconhecido problemas de seu pai com o álcool, de não ter dedicado sua autobiografia a ninguém da sua família, e de nunca ter dito se abandonou as drogas desde que reconheceu que já fumou maconha e cheirou cocaína.

De acordo com o jornal espanhol, porém, no livro "Sonhos de meu pai", publicado em 1995 por Obama, o senador democrata cita os problemas de seu pai, diz que abandonou as drogas ao entrar para a Universidade de Columbia, e, no prólogo, dedica a obra a sua mãe e seus avós.

Livros contra políticos não são novidade nos Estados Unidos. Numa possível de tentativa de não cometer o mesmo erro de 2004, quando não reagiram ao livro sobre Kerry, diversos meios de comunicação se apressaram em publicar agora reportagens com denúncias sobre os erros de "The Obama Nation". Ainda assim, o autor garantiu a publicação de 475 mil exemplares apenas na primeira edição e tem mais de cem entrevistas agendadas.

O livro pode, entretanto, ter um impacto positivo para a campanha de Obama. Com o candidato de férias no Havaí, a publicação garantiu que a atenção da mídia continuasse sobre ele, mesmo depois da intensa campanha de seu adversário republicano, John McCain, que veiculou uma série de propagandas atacando o democrata. Analistas debatem agora se não seria hora de Obama se tornar mais agressivo na reta final para as eleições de 4 de novembro.


FONTE: O Globo

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